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Ensinando a transgredir - bell hooks.jpe

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O livro “Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade” (1994) de bell hooks se inicia com a reflexão da autora sobre se tornar professora. hooks se mostra preocupada em se efetivar na carreira acadêmica muito por conta de suas experiências como aluna. A autora demonstra como as diferentes formas de ensinar e de lidar com a sala de aula refletem na vontade de aprender e impactam de maneiras diversas sobre a vida das alunas. Para exemplificar, bell hooks retrata sua trajetória em diferentes escolas nos EUA. Durante a época de segregação racial, a autora estuda em uma escola para pessoas negras na qual a educação era pautada na resistência anti racista com o intuito de educar politicamente as crianças e incentivar suas curiosidades e questionamentos sobre o mundo. Esse ambiente gerou na autora uma vontade de continuar aprendendo e seguir no ambiente educacional e se tornar uma escritora. Posteriormente a autora estuda em uma escola majoritariamente branca onde o estilo educacional se baseia em uma educação bancária focada na passagem e recebimento passivo de informação, estilo que se reproduziu em sua graduação e pós-graduação.
Todo esse modelo de educação causou desconforto em hooks que se empenhou em desenhar um novo perfil de sala de aula e de educação. Em diálogo com Paulo Freire, bell hooks aponta que o caminho é uma educação transgressora e de liberdade: uma educação política, onde todas (alunas e professoras) possuem voz e potencial de construção e que incentive o entusiasmo ao aprender. Uma sala de aula onde todas trocam conhecimento (uma espécie de horta coletiva) e sentem prazer e interesse em aprender incentivando o engajamento político. Assim, hooks defende e pratica uma pedagogia radical, feminista e anti-racista, reforçando o caráter fundamentalmente político de todo projeto pedagógico - seja no intuito de transformação social ou de manutenção da dominação.

Livro em PDF: https://bit.ly/hooks1994

Ensinando a transgredir pt.2 - bell hook

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Para esta segunda parte de nossa conversa sobre o livro “Ensinando a Transgredir”, de bell hooks (2013), selecionamos os capítulos 12, 13 e 14, que fecham a obra com chave de ouro. O caminho que a autora traça até chegar nesses capítulos passa pelo desenvolvimento de uma teoria pedagógica engajada, com valores multiculturais e libertários. Permeada por uma reflexividade acerca da própria sala de aula nas universidades, ela teoriza a respeito do seu projeto de transformação pedagógico-político, que é necessariamente antirracista, feminista e consciente das diferenças de classe social.
No capítulo 12, “Confrontação da classe social na sala de aula”, a autora parte da observação do próprio estranhamento que sentiu quando entrou no espaço universitário sendo da classe trabalhadora e com o diálogo com “Strangers in Paradise” de Ryan e Sackrey. hooks analisa que a classe não é somente um marcador econômico, mas um determinador de valores, pontos de vista, interesses, modo de falar, e explica as dinâmicas não-ditas que exigem que os alunos da classe trabalhadora escondam suas características provenientes da cultura popular para serem disciplinados pelos valores dominantes da burguesia.
Os capítulos 13 e 14 são perpassados pela discussão de um mesmo problema: o ensino desapaixonado. A autora mostra que ensinar desapaixonadamente afeta todo o processo pedagógico e é uma das consequências da cisão ocidental entre corpo e mente, também forçada nos espaços de sala de aula. Assim, ela reforça que um projeto pedagógico transformador deve rejeitar essa cisão e enxergar tanto a professora quanto as alunas como indivíduos integrais, coletivamente comprometidos com a construção do espaço de aprendizado.
Por mais que tenhamos selecionado os últimos 3 capítulos por amarrar as discussões desenvolvidas ao longo da obra, esse é um livro que sem dúvidas deve ser lido inteiro – especialmente se você é ou pretende ser professora e acredita que a educação tem o poder de transformar o mundo.

Livro em PDF: https://bit.ly/hooks1994